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O irreverente e azarado


Djibril Cissé Liverpool

A barba e o penteado exótico, geralmente descolorido, moicano ou pintado de verde, tornara-se marca quase registrada do francês Djibril Cissé. Sua carreira nem um pouco monótona é marcada também por graves lesões em momentos importantes, e competência para belos gols dignos do Joga de Terno. O carismático centroavante, destro e que comumente jogava também na ponta direita, teve a honra de vestir o terno da Seleção Francesa em duas Copas do Mundo, ambas com o emblemático 9 nas costas – seriam três se não fosse a segunda fratura da perna na carreira. Esteve também em campo, e acertado sua cobrança na disputa de pênaltis, no Milagre de Istambul, em 2005. Nosso classudo protagonizou boas histórias dentro e fora de campo ao longo de praticamente 20 anos de carreira nos campos, e ainda hoje mostra o faro de gols com a camisa do Liverpool Legends. Nascido em Arles, na França, Cissé iniciou sua carreira profissional no futebol oriundo da base do Auxerre. Grande destaque da equipe, acumulou 70 gols em seus seis anos com o clube, acumulando convocações e representando seu país na Copa do Mundo de 2002. Chama a atenção do Liverpool, e em 2004 ruma para a Inglaterra com moral. Rapidamente caiu nas graças da torcida, porém um infortúnio logo decretou seu breve destino: ainda nos primeiros meses no clube, no jogo contra o Blackburn Rovers, sua chuteira fica estranhamente presa no gramado e ele parte dois ossos de sua perna esquerda. Previsto para perder o restante da temporada, poderia ter sido pior e ter perdido a perna (segundo o próprio jogador) se não fosse o tratamento especializado que recebeu ainda no estádio. O jogador volta surpreendentemente antes do aguardado, marcando importantes gols, e participa da campanha do título da Champions League 04/05, estando presente nos momentos finais da fatídica final ante o AC Milan. A superação do jogador se repete novamente em 2006: no último jogo da preparação da Seleção Francesa para a Copa do Mundo, Cissé divide a bola com um jogador chinês, e para sua frustação, parte desta vez a perna direita. A recuperação dura cerca de cinco meses, e o atacante é emprestado ao Olympique de Marseille após alguns rumores. Com as dificuldades e dores normais de quem partiu as duas pernas em dois anos, lida com as críticas impunes em seu país. Jean-Pierre Papin, Bola de Ouro em 1991 e hoje dirigente no Auxerre, pede calma para que o jogador ganhe confiança após tantas cirurgias. O clube termina o campeonato em segundo lugar, com destaque para chutes letais de Cissé após o começo lento. Tornar-se-ia ainda um ídolo para a torcida do grego Panathinaikos, sendo o artilheiro na campanha vitoriosa na Liga e na Copa da Grécia logo no primeiro ano. Seu ótimo momento, o faz ser convocado por Domenech para a Copa do Mundo na África do Sul, em 2010. Nas terras helênicas, chegou a brigar com o presidente do Olympiakos, sofreu ofensas racistas e não renovou o empréstimo. Ainda peregrinou e acumulou alguns gols por Sunderland e Queens Park Rangers na Inglaterra, Lazio na Itália, Al-Gharafa no Qatar, Kuban Krasnodar na Rússia e Bastia na França. O irreverente atacante pendurou as chuteiras em 2015, no modesto JS Saint-Pierroise. O clube das Ilhas da Reunião, território francês no Oceano Índico, já contou com passagens também ilustres do camaronês Roger Milla, o conterrâneo Dimitri Payet e o outrora defensor Papin. Porém, após um hiato de dois anos, retorna ao futebol pelo suíço Yverdon, que disputava a terceira divisão do campeonato local – aos 36 anos, marcou 24 gols em 29 partidas. O clube atual do quase nômade Cissé é o italiano Vicenza 1902. Mas como é de se esperar, uma boa história acompanha a assinatura de contrato do campeão das Copa das Confederações de 2003, com a equipe italiana: o clube é uma refundação do antigo e falido Vicenza, e para seu azar, a Federação Italiana ainda não emitiu o licenciamento para o clube jogar competições oficiais. O excêntrico francês ainda tem na carreira um filme – interpretou a si próprio em “Taxi 4” – e chegou a ser preso em 2015, por ameaçar vazar imagens íntimas do ex-companheiro de Olympique, Mathieu Valbuena, com a namorada. Apesar de ainda persistir na carreira profissional, participa regularmente de algumas partidas do time de veteranos dos Reds, o Liverpool Legends – inclusive assinalando um gol no saudoso amistoso contra o AC Milan Glorie, eternizando aquela noite milagrosa há quase 15 anos em Istambul. Por que joga de terno? Cissé foi um dos grandes atacantes da geração francesa nos primórdios do século XXI, ao lado de nomes como Henry, Trezeguet, Wiltord e Anelka, dentre outros. Surgiu como uma boa revelação até a afortunada lesão já nos tempos de Liverpool. No auge, foi um jogador explosivo, forte fisicamente, veloz e dinâmico, além de bom finalizador, conseguindo ser cobiçado no mercado europeu. Apesar da dupla frustração com as lesões, e consequentemente a superação em tão pouco tempo, a carreira do francês poderia ter outras memórias mais interessantes, e ser lembrada mais pelos dias dentro do campo do que fora, não fossem as pernas quebradas e as cicatrizes que sempre o acompanharam. 👤 Djibril Cissé 👶 12 de agosto de 1981 🏠 Francês 👕 Auxerre (FRA), Liverpool (ING), Olympique de Marseille (FRA), Sunderland (ING), Panathinaikos (GRE), Lazio (ITA), Queens Park Rangers (ING), Al-Gharafa (QAT), Krasnodar (RUS), Bastia (FRA), Saint-Pierroise (FRA), Yverdon (SUI) e Seleção Francesa. 🏆 Copa da França 02/03 (Auxerre); Liga dos Campeões da UEFA 04/05, Super Copa da UEFA 04/05 e Copa da Inglaterra 05/06 (Liverpool); Copa da Grécia e Campeonato Grego 09/10 (Panathinaikos); Copa das Confederações 03 (Seleção Francesa). 👑 Artilheiro do Campeonato Francês 01/02 e 03/04; Artilheiro do Campeonato Grego 09/10 e 10/11; Melhor jogador estrangeiro do Campeonato Grego 2010. Classômetro: 👔👔👔👔👔👔 (6,9) 📷 Laurence Griffiths/Getty Images

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