Boteco JDT: As obras sobre Heleno
O Joga de Terno já teve a oportunidade de falar sobre Heleno de Freitas. Um dos primeiros nomes que a página propôs a falar sobre foi o grande ídolo botafoguense antes da era Garrincha.
Heleno não só chamava atenção pelo futebol. Foi também pelo seu charme, a vida de bon vivant e o temperamento que o classifica como um dos primeiros jogadores-problema do Brasil.
Por ser uma grande personalidade da então capital federal na década de 40, Heleno ganhou homenagens póstumas baseadas em sua vida. Talvez a primeira delas foi a peça "Um homem chamado Gilda" que ficou em cartaz pelo Brasil na década de 90. Mas as duas principais obras sobre o galante goleador certamente foram "Nunca houve um homem como Heleno", livro do escritor Marcos Eduardo Neves e o filme "Heleno: o príncipe maldito" de José Henrique Fonseca e com Rodrigo Santoro na pele do craque. É dessas duas obras que falaremos.
O livro, lançado em 2006, é o primeiro registro bibliográfico de Heleno. E talvez por isso é a literatura mais completa que existe sobre o craque. Segue a linha básica que podemos ler em biografias gerais: de forma cronológica.
Eduardo Neves se preocupa em ambientar seu leitor tanto sobre a pacata São João Nepomuceno, onde Heleno nasceu, quanto o Rio de Janeiro, onde se destacou e ainda Barbacena, onde morreu. Cada uma dessas cidades tem fundamental importância para a vida do artilheiro e não é pra menos.
Já o filme não se preocupa tanto com isso. Heleno surge em tela moribundo e logo em seguida temos o vigor do jovem em plena carreira. A película vai alterando assim a histórica do craque, uma hora no futuro, no pesado ambiente do manicômio mineiro onde Heleno morreu e no passado, aquela quando o jogador viveu seu auge.
Algumas liberdades foram tomadas no filme: a primeira delas é a esposa de Heleno, vivida por Aline Morais. A personagem Silvia não existiu. No livro sabemos que se trata de Ilma, real esposa e mãe de seu único filho. Ilma na verdade é meio que inspiração para Silvia, mas nem tudo ali é realidade, como, por exemplo, as visitas a Heleno em Barbacena, que na verdade, nunca aconteceram.
Entre o real e as liberdades, temos duas obras que tentam retratar o que foi um dia o personagem máximo do futebol brasileiro. Heleno foi complexo: um cavaleiro das noites cariocas da década de 40 e um arrogante dentro de campo, mas fortemente ligado ao seu clube de coração e onde mais se promoveu: o Botafogo.
Vale a pena ler e assistir?
"Nunca Houve um homem como Heleno" é certamente uma das frases mais marcantes e bonitas da literatura futebolística. Não só pelas palavras, mas por traduzir de forma tão solene uma personalidade complexa quanto Heleno de Freitas. O leitor vai não só ter um emaranhado de informações sobre o ídolo botafoguense como também conhecer um pouco mais da vida carioca e o retrato daquele futebol brasileiro que se viu sem disputar copas em 40.
Já o filme se esforça ao máximo para ambientar seu espectador - utilizando inclusive filmagens inteiramente preto e branco. Consegue, mas talvez, pelo recort