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Fair Play pra quem?


30' do segundo tempo e o placar aponta Fluminense 0x1 Vasco. O Fluminense se lança ao ataque quando um jogador do Vasco senta no gramado (veja bem, ele não cai, ele senta) sentindo dores, supostamente câimbra. O árbitro não se manifesta, os jogadores do Fluminense seguem com a bola mas os jogadores do Vasco querem que ela seja jogada para fora para que o jogador caído possa ser atendido, o famoso 'fair play'. Isso não acontece, o lance termina em tiro de meta e uma pequena discussão acontece. Tudo isso aconteceu no jogo da 32ª rodada do Campeonato Brasileiro. Agora vamos voltar um pouco no lance e analisar alguns detalhes. Câimbra, de fato, é algo desagradável, mas não grave. O jogador em questão poderia muito bem ter esperado o lance terminar para pedir atendimento, mas não, resolveu fazer isso justamente quando o Fluminense estava atacando. Por que, então, o time adversário deveria colocar a bola pra fora? Nao estou dizendo aqui que não devemos nos preocupar com a segurança e a saúde dos jogadores, mas quem acompanha futebol sabe muito bem quando o lance exige atenção e quando não, salvo exceções. E se nós, vendo da arquibancada ou da TV sabemos, eles em campo também sabem. E sabem que qualquer lance que envolva um choque de cabeça, por exemplo, precisa de cuidado, um lance que envolva uma simples pancada na perna, nem sempre. É simples. Quando ele realmente estiver sentido dor e precisar ser atendido você pode ter certeza que ele vai pedir ajuda rapidamente, fora isso só vai ficar rolando pelo gramado dissimuladamente com a mão na perna enquanto a bola rola. E ai do adversário se não a colocar para fora. É preciso rever isso pois já está fora de controle e perdeu o seu propósito original. O Fair Play deixou de ser sinônimo de jogo limpo e que preze pelo respeito, como pede a FIFA, para se tornar mais uma artimanha dos jogadores para ganharem tempo. A diferença disso para a "cera" é que um é feito enquanto a bola rola, o outro não. A foto escolhida para este texto foi de um desses casos emblemáticos de "falta de fair play", registrado em 2011. Após o atendimento do jogador do Palmeiras o juiz, como diz a regra, coloca a bola ao chão para que o time, como cortesia, devolva a bola ao adversário, uma vez que o jogo foi paralisado. Não foi isso que aconteceu. Com a bola ao chão Kléber então parte para o ataque pegando todos da defesa do Flamengo desprevenidos e chuta pra fora. Obviamente, todos foram para cima do atacante do Palmeiras. Após o jogo, em coletiva, Kléber disse que "fair play é hipocrisia, só é bom pra tua equipe, pra equipe dos outros não é boa" e depois cita diversos outras situações que os jogadores usam para ganhar tempo mas que não é considerada falta de fair play e vemos cotidianamente no futebol. E ele tem razão. Mandou a real quando poucos têm coragem de dizer. De lá pra cá, pouco foi discutido de fato, afinal ninguém que ser taxado de desleal e contra o "jogo limpo", como se ele fosse... Não é apenas para marcar faltas e aplicar cartões que o árbitro está em campo. É ele também que determina quando o jogo precisa ser paralisado, seja pela circunstância que for, não os jogadores. Se achar que é apenas manha segue o jogo mesmo e dane-se, é só reparar que quase sempre isso é feito quando o adversário estiver com a bola. Corre-se o risco de, de fato, ignorar uma situação que exige atenção e atendimento médicos, mas é o preço que se paga por termos desde sempre um futebol pautado pela malandragem e a catimba O Fair Play tem que acabar. Na verdade eu acho que ele nunca existiu.


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