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A democracia é a melhor forma de governo para 69% dos brasileiros


Esse é resultado de uma pesquisa recente divulgada pelo Datafolha. Por mais incrível que pareça, esta é a maior aprovação em trinta anos do regime que tem o povo e a igualdade pelo voto como valor principal. Antes disso, enquanto os militares ainda comandavam o país, muitos movimentos surgiram justamente para lutar por esses direitos. Entre eles, aquele que ficou conhecido como a Democracia Corinthiana. O final de 1981 deixava um sentimento amargurado nos torcedores e jogadores corintianos. O clube se encontrava rebaixado para a segunda divisão do Campeonato Brasileiro depois de terminar em oitavo lugar no campeonato estadual e 26° no nacional. Mas a chegada de Waldemar Pires e a movimentação de jogadores mudou a gestão autocentrada para uma compartilhada e fez história no futebol brasileiro. O Corinthians ficou por muito tempo alternando entre dois comandos e Waldemar Pires a princípio seria um dirigente apenas para cumprir formalidades enquanto Vicente Mateus mantinha sua influência. Entretanto, resolveu assumir seu posto de fato e realizou ações como trazer o sociólogo Adílson Monteiro Alves para a diretoria. Ali, foi o encontro de pessoas certas na hora certa, como depois classificaria o jornalista Juca Kfouri. Encabeçados pelos jogadores Sócrates, Wladimir, Casagrande e Zenon, o clube iniciou uma autogestão onde os assuntos administrativos eram debatidos e a tomada de decisões no futebol era descentralizada e contava com a opinião de todos: jogadores, comissão, dirigentes, funcionários, todos tinham o direito ao voto e com peso igual. Estava instaurada a Democracia Corinthiana. Por dois anos, o lema “Ganhar ou perder, mas com democracia” deixava claro que, mais importante que títulos, era ter as decisões compartilhadas com igualdade. Para entender um pouco do impacto que essa atmosfera inédita causava não só no universo do futebol, é preciso lembrar que o país vivia nesta época sob ditadura militar e que o direito ao voto era negado aos brasileiros. Sendo assim, o time entrava em campo também pela redemocratização do país com dizeres nas camisas pedindo pelas Diretas Já, ganhando apoio da torcida. O clima no Parque São Jorge proporcionou as conquistas do Campeonato Paulista de 1982 e 1983, além da disputa das semifinais de um Brasileiro e a quitação das dividas do clube. E, ainda que se diga que não tenha gerado mudanças diretas na sociedade naquele momento (as eleições diretas só aconteceriam em 1989) e nem na gestão dos clubes de futebol como um todo (a chegada do clube dos 13 e um racha exposto no elenco em 1985 colocava fim no movimento), o Corinthians experimentou uma vivência que envolvia a todos e o colocava como uma força política e popular, que marcou época na luta pela igualdade e progresso ideológico, representando na prática que o futebol pode movimentar e contribuir para a evolução de um povo. 📷 Divulgação - Corinthians

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