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Terno de Linha - Fluminense 2008: 10 anos do dia que nunca terminou


Fluminense-2008

Antes de mais nada é preciso deixar claro que esse texto foi escrito por um tricolor - o único da equipe do JdT - e ele será carregado de sentimentos pessoais e, claro, muito clubismo. *** O ano era 2008. O Fluminense, campeão da Copa do Brasil no ano anterior, voltava a disputar a Libertadores depois de 23 anos. O elenco era bom, contava com nomes como Washington "Coração Valente", Thiago Silva, umas das principais revelações do futebol naquele ano, e outras peças que começavam a despontar no cenário nacional como Thiago Neves e Conca, mas apontar o Fluminense como favorito para aquele torneio pareceria absurdo. Estar de volta à disputa de um torneio internacional já era comemorado e muito pela torcida carioca que prometia uma grande festa no Maracanã. O Fluminense entrou em campo no dia 20 de fevereiro a 2850m de altitude de Quito contra um time inexpressivo... a LDU... e voltou pra casa com um empate em 0x0. Com 4 vitórias, 1 empate e 1 derrota o Fluminense classificou não só em primeiro do grupo mas em primeiro na classificação geral. Nas oitavas-de-final superou o Atlético Nacional. O desafio das quartas-de-final seria o São Paulo, que chegava como bicampeão brasileiro (seria tri naquele mesmo ano) e grande favorito. E, de fato, tudo se encaminhava para uma classificação do time paulista depois do 1x0 em casa. No jogo da volta, no Maracanã, 70 mil tricolores estiveram presentes para assistir ao melhor jogo daquela competição. A festa, que já estava maravilhosa, ficou ainda mais quando Washington marcou aos 13 minutos da etapa inicial e incendiou a torcida,que não parou de cantar e acreditar um minuto sequer. Nem mesmo o gol de empate de Adriano desanimou torcida e time, já que 2 minutos depois Dodô colocou o Fluminense à frente do placar novamente. Precisando de mais um gol, Fluminense pressionava enquanto São Paulo se protegia como dava. E foi assim até os 46 minutos do segundo tempo. Escanteio na área do São Paulo. Thiago Neves prepara a cobrança, respira fundo e lança na área. Washington sobe mais do que todo mundo e cabeceia no ângulo, sem qualquer chance para Rogério Ceni. Festa no Maracanã. Aquela torcida que comemorava estar de volta à Libertadores agora sonhava em conquistá-la. Na semifinal outro gigante do futebol sulamericano: Boca Juniors. O time de Riquelme, Palácio e Palermo era o atual campeão da Libertadores e, até então, apenas o Santos de Pelé havia eliminado o Boca da competição. Mais uma vez o Fluminense entrava sem o status de favorito. 2x2 no La Bombonera e 3x1 no jogo da volta colocaram o Fluminense pela primeira vez em sua história numa final de Libertadores. Na final novamente a LDU, o primeiro adversário da competição. E se ainda na primeira fase a equipe de Renato Gaúcho era considerada azarão, depois de eliminar equipes consideradas mais fortes e tradicionais da Libertadores, dessa vez era o Fluminense o grande favorito. A vitória por 4x2 da LDU no jogo de ida, em Quito, colocava uma pressão enorme para o jogo da volta, afinal, o Fluminense teria que vencer por 3x0, já que na final não valia a regra de gol fora de casa como critério de desempate para a classificação. 2 de julho de 2008. 80 mil pessoas pintavam o tricolor de verde, branco e grená, numa das festas mais bonitas já vistas naquele estádio. O desafio seria enorme mas não faltava incentivo das arquibancadas. Nem mesmo quando o Bolaños abriu o placar com apenas 5 minutos do primeiro tempo ela parou de cantar. Empurrado pela torcida e em um dia inspirado, Thiago Neves fez uma das melhores atuações de uma final de Libertadores, marcou 3 gols, o suficiente para levar a decisão para os pênaltis... Antes do o início da competição poucos se atreveriam a dizer que o Fluminense chegaria à final da Libertadores. Agora, diante de um Maracanã apreensivo e um iminente título inédito, começaria a disputa de pênaltis. ❌ Conca ❌ Thiago Neves ✅ Cícero ❌ Washington ✅ Urrutia ❌ Campos ✅ Salas ✅ Guerrón O Maracanã agora era silêncio. Incredulidade, lágrimas. Restaram o lamento, a dor e as indagações: "E se o Hector Baldassi tivesse marcado aquele pênalti claro naquele lance do Washington? "Por que só na final não vale o gol qualificado?" "Como pudemos fazer uma campanha tão fantástica e perder nos pênaltis em casa depois de virar o jogo?" Enfim, pensamentos que até hoje passam pela cabeça do tricolor. Ainda mais quando, em 2012, o Corinthians conquistou o seu primeiro título e em 2013 foi a vez do Atlético Mineiro. A do Fluminense chegou e passou. Sabe-se lá quando ele terá uma nova oportunidade, até lá essa memória permanecerá viva não só na lembrança do torcedor do Fluminense como a de muitos times Brasil afora. Muito se encantaram quando Washington marcou de cabeça contra o São Paulo nas quartas, se renderam quando eliminou o Boca Junior na semifinal e torceram quando conseguiu reverter um placar muito difícil na final e levar o jogo para os pênaltis. *** Para esse que vos escreve ainda é difícil lidar com aquele jogo, um trauma que só quem é apaixonado por futebol entende. Maior que o do 7x1. Muito maior, pergunte a um tricolor. Não foi fácil fazer a pesquisa para esse texto sem se emocionar. Os vídeos daquela final? Jamais verei novamente. Se passar na TV eu troco de canal. Prefiro ver o gol de Washington contra o São Paulo ou o lance sensacional que resultou no segundo gol contra o Boca Juniors (veja o vídeo nos comentários) que começa com um grande "balé de braços e mãos" como disse Luis Roberto em sua narração. 🏆 Vice-campeão da Libertadores 2008 👕 Time base: Fernando Henrique, Gabriel, Thiago Silva, Luis Alberto e Júnior César, Ygor, Arouca, Thiago Neves e Conca, Cícero (Dodô) e Washington 👤 Principais classudos: Thiago Silva, Conca, Thiago Neves e Washington. 📺 Fluminense 3x1 São Paulo pelas quartas-de-final. ⚽ Dodô, 4º gol na vitória por 6x0 sobre o Arsenal de Sarandi, na primeira fase/ Washington, aos 46 minutos do segundo tempo na vitória por 3x1 sobre o São Paulo, nas quartas/ Conca, segundo gol na vitória por 3x1 sobre o Boca Juniors nas semis 📷 Eduardo Naddar/Agif/Gazeta Press

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