O grande capitão
Em geral, zagueiros não chamam a atenção da mídia pelo seu futebol. O feito dos meias e dos atacantes de qualidade, principalmente, daqueles que atuaram no passado, costumava ofuscar o brilho de uma bela tirada de bola. Porém, o classudo do Joga de Terno de hoje, tornou-se um ponto fora da curva nesse quesito. Hilderaldo Luís foi idolatrado por todos os clubes em que jogou, contribuiu para agigantar ainda mais a história do Vasco e liderou a Seleção Brasileira de 58 ao seu primeiro título mundial na Suécia. Provavelmente, pelo nome, você pode ainda não saber quem é, porque Hilderaldo ficou mundialmente conhecido pelo seu último sobrenome: Bellini. Agora, é quase impossível que alguém não tenha ouvido falar. Antigamente, os jogadores não escolhiam iniciar a carreira no futebol. Não era como hoje em dia, em que crianças jogam em escolinhas e sonham com uma peneira, para que consigam ingressar em um clube tradicional. Bellini começou jogando bola nas ruas da sua cidade natal, Itapira, município do interior do estado de São Paulo. Entre os motivos que contribuíram para que Bellini jogasse na zaga, está a admiração que possuía pelo futebol de Domingos da Guia e também, a sua falta de habilidade com a bola mesmo. Na adolescência, jogou pelo amador Itapirense e, no fim dos anos 40, acabou sendo o novo reforço do Sanjoanense, da cidade de São João da Boa Vista. Na época, o time disputava a segunda divisão do campeonato paulista e o zagueiro permaneceu lá durante três temporadas. Após chamar a atenção de muitos clubes grandes nesse período, acabou optando por escolher o Vasco da Gama, do Rio de Janeiro, onde a carreira decolou. Com o terno do Vasco, Bellini foi lapidado. Em sua primeira temporada, disputou o torneio de aspirantes, para que os dirigentes do clube da colina pudessem avaliar o atleta que tinham em mãos. Na temporada seguinte, passou a integrar o time principal e disputou a vaga com Haroldo, para ver quem seria o mais capacitado a dar seguimento ao “Expresso da Vitória”, que chegava ao seu último título com o elenco praticamente sem alterações. Com uma humildade exemplar, Bellini saiu do banco de reservas para a titularidade como capitão do Vasco em 53 e, durante as nove temporadas seguintes, construiu uma carreira cinematográfica. Vestindo a camisa 3 do Vasco, o zagueiro conquistou o famoso Torneio Internacional de Paris de 1957, em que a equipe do Vasco derrotou o Real Madrid de Di Stéfano na final, e o Troféu Teresa Herrera no mesmo ano. Bellini tornou-se Ídolo do Vasco e sua passagem por São Januário encerrou-se com o título do Torneio Internacional do Chile, disputado por Colo-Colo, Nacional e Vasco campeões por Chile, Uruguai e Brasil, respectivamente. E com a conquista do Torneio Rio-São Paulo de 58, última taça conquistada com Bellini na equipe. Após a conquista da Copa do Mundo de 62, Bellini, aos 32 anos, transferiu-se para o Tricolor do Morumbi em uma badalada contratação, já que o São Paulo vinha de um jejum de títulos devido a construção do Morumbi, que apesar dos gastos, desembolsou uma grana para fechar sua dupla de zaga com dois campeões mundiais pela seleção, Bellini e Mauro Ramos. Apesar de desfilar boas atuações, Bellini deixou o São Paulo em 67 sem conquistar nenhum título. Aos 38 anos, chegou ao Atlético Paranaense junto com o também bicampeão mundial Djalma Santos, e jogou apenas uma temporada. Em 20 de julho de 1969, mesmo dia em que Armstrong chegava pela primeira vez à lua, o grandalhão Bellini despedia-se dos gramados em um Atletiba que terminou empatado em zero a zero, fazendo com que o zagueiro fosse o único protagonista daquele dia. Apesar da linda trajetória pelos clubes em que passou, Bellini ficou marcado na história com a camisa do Brasil, terno que usou por 57 jogos, vencendo quarenta e dois deles, empatando onze e perdendo apenas quatro jogos. Em 58, bancou o zagueiro Mauro Ramos, na seleção comandada por Feola e foi o primeiro capitão a erguer a taça de campeão do mundo pelo Brasil. O gesto de levantar a taça acima da cabeça foi criado e eternizado por Bellini, que em 62 foi homenageado por Mauro Ramos, titular da época, repetindo o gesto. Pela seleção, o zagueiro ganhou ainda duas Copas Rocas, torneio disputado entre Brasil e Argentina, três copas Oswaldo Cruz, disputadas entre Brasil e Paraguai, uma Taça Bernardo O’Higgins, disputada entre Brasil e Chile e uma Copa Atlântica. Por que jogava de terno? Bellini era alto e forte, conhecido por sua disposição e raça, apesar da pouca habilidade com os pés, o que fez com que acabasse se tornando zagueiro, Bellini tinha classe e era extremamente eficaz nos desarmes e tiradas de bola. Sua seriedade e dedicação fizeram com que seus chutões e entradas firmes não terminassem, geralmente, em faltas ou gerassem lesões em seus adversários. Além disso, Bellini era um ótimo líder, capitão pela maioria dos clubes em que passou e foi eternizado como o grande capitão da seleção brasileira. Bellini está marcado na história do futebol, principalmente, quando o assunto é o Maracanã. Conhecido popularmente como o “maior do mundo”, o estádio exibe a estátua do zagueiro em uma das entradas, tornando-se um marco para encontro de torcedores. O zagueiro faleceu em 2014, aos 83 anos, por complicações de uma doença que já o acompanhava há anos, o Alzheimer. 👤 Hilderaldo Luís Bellini 👶 7 de junho de 1930, faleceu em 20 de março de 2014, aos 83 anos 🏠 Brasileiro 👕 Itapirense (BRA), Sanjoanense (BRA), Vasco da Gama (BRA), São Paulo (BRA), Atlético Paranaense (BRA) e Seleção Brasileira. 🏆 (Principais) Campeonato Carioca 52, 56 e 58, Torneio Rio–São Paulo 58 (Vasco da Gama); Copa do Mundo 58 e 62, Copa Roca 57 e 60 (Seleção Brasileira). 👑 Sem título individual de destaque. Classômetro: 👔 👔 👔 👔 👔 👔 👔 👔 (8,5) 📷 Gazeta Press