Terno de linha - Alemanha 2014-2018: do planejamento ao caos
Você pode torcer o nariz, se traumatizar por causa dos 7x1, mas quando se fala de Copa do Mundo, a Alemanha sempre é favorita. Foi assim em 2014 e foi assim agora, em 2018. Provavelmente em 2022 também será assim. Mas o futebol gosta de história e pro bem ou pro mal, lá estão eles, os Alemães. O time germânico chegou para a Copa no Brasil em busca de um resultado que não tinha desde 90. De lá até então, o time ficou no quase em 2002, quando veio forte mas parou nos pés de Ronaldo, que sagrou o Brasil pentacampeão. Para os europeus, a conquista foi adiada para 06, na copa que eles mesmo organizariam. Porém, não foi bem assim. Os donos da casa perderam pra Itália (que se consagraria campeã) e tiveram que se contentar com o terceiro lugar. Dali para frente, o país se viu na necessidade de um planejamento que focasse em sua formação e na regularidade de suas então promessas, como Lukas Podolski. Para a Copa de 2010 na África do Sul, a Federação Alemã confiou o cargo de treinador a Joachim Löw, então assistente de Jürgen Klinsmann, em 2006. Em 2010, o que se viu foi uma Alemanha que acreditava em promessas como Thomas Müller, Metsu Ozil e Manuel Neuer, e em nomes mais consagrados, como Podolski e Klose. Mais uma vez, o país se fez valer de sua força e passou com sobras por seleções como Inglaterra e Argentina nas fases de mata-mata. Ficou mais uma vez na semi-final diante a que seria campeã, a Espanha. Para a Copa no Brasil, os germânicos continuariam com o seu então planejamento de solidificar seus jogadores com a mesma filosofia de Löw. O escrete alemão chegaria em solo tupiniquim com um time que se conhecia, com rodagem e com novas promessas que já tinham passagens marcantes em seus clubes, como o jovem Mario Götze. O time titular era ainda mais qualificado, tendo Manuel Neuer no gol como um dos grandes goleiros da atualidade, Kross que se firmava em sua precisão de passes, Philipe Lahn e Bastian Schweinsteiger, visto como uma espécie de líder daquela Alemanha. A fase de grupos foi sem susto para os germânicos: num grupo com Portugal de Cristiano Ronaldo e um clássico que terminaria em 4x0 para os Alemães, não poderia se esperar outra coisa se não, mais uma vez, eles como principais adversários (ainda mais com a Espanha eliminada na primeira fase) para os donos da casa. Nos mata-mata, pequenos sustos: as oitavas um 2x1 sofrido para uma organizada Argélia e um 1x0 nas quartas contra uma confiante França. Era a vez das semi-final contra os donos da casa, o Brasil. E a gente sabe como aquilo terminou. Diante um Brasil vulnerável, os comandados de Löw puderam praticar (ainda que pasmos) um bom treino de luxo e terminar com o histórico 7x1 diante os brazucas. Era o alívio que os Germânicos precisavam para ir mais uma vez a uma final, depois de dois jogos no sufoco. O adversário era a Argentina de Lionel Messi, que veio querendo fazer bonito na casa do seu principal rival e logo no Maracanã, lugar sagrado para o Brasil e acabar com seu jejum de mais de 20 anos sem um título internacional. Mas a Alemanha veio determinada. O 0x0 no tempo normal, deu tons dramáticos para ambas as equipes, mas do banco veio a salvação alemã: a promessa por Gotze deu certo, fez o gol na prorrogação e finalmente a Alemanha pode gritar tetra campeã. Era a consagração de um time que apostou na eficiência de um planejamento desde a base até a qualificação de seus jogadores mais veteranos. O trabalho era impecável e de agora em diante, era seguir o mesmo rumo e se preparar para a Rússia 2018. E até Moscou, os Alemães continuaram seu trabalho de fortalecimento da base. Fruto disso foi a medalha de Prata nas Olimpadas no Rio em 16. A disputa com o Brasil de Neymar só foi perdida nos pênaltis. Era sinal que o trabalho alemão ainda estava no caminho certo e vencer na Rússia em 18 era questão de meros 7 jogos durante o torneio. E assim vieram para Rússia: com o mesmo Manuel Neuer no gol, vindo de lesão, e uma base que muito lembrava a campeã anterior, comandada, dentro de campo, por um Toni Kross em alto nível. Porém... O susto na derrota contra o México apontou que algo estava errado. Contra a Suécia, um salvador Kross botou os alemães de volta a briga. Agora, o desafio era a fraca e quase eliminada Coreia do Sul. Mas, em nenhum momento o futebol alemão foi de primeira, o empate em 0x0 com os asiáticos dava uma sobrevida aos europeus em tons dramáticos. Porém, um gol com ajuda do inovador arbitro de vídeo dava um ponto final e precoce aos então campeões. A vitória da Suécia por 3x0 conta o México (no outro jogo do grupo), aumentou ainda mais o desespero alemão, que ia inclusive com Neuer na área buscar mais dois gols. Em vão. A Coréia conseguiria mais um gol e sentenciava definitivamente a vida dos então campeões. A Alemanha se vê fora da Copa da Rússia jogando um futebol que nada lembrou aquele das copas anteriores. Agora, resta saber se esse foi apenas um capítulo de uma história que haverá boas surpresas para os alemães ou se foi definitivamente a ruína do planejamento de Joachin Löw. Até o Catar em 2022 deveremos ter a resposta. 🏆 Copa do Mundo de 2014 👕 Time base: Neuer, Lahm, Boateng, Hummels (Mertesacker) e Höeweds; Schweinsteiger, Khedira (Draxler), Kross e Ozil. Müller e Klose. Técnico: Joachim Löw 👤 Principais classudos: Neuer, Kross, Müller, Schweinsteiger e Philipp Lahm. 📺 Brasil 1x7 Alemanha, semi-final da Copa do Mundo de 2014. ⚽ Mario Götze, aos 8 minutos da segunda etapa da prorrogação, Final da Copa do Mundo de 2014 📷 Getty images