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A lenda de Gandulla


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"Uma mentira contada muitas vezes se torna verdade". Esse dito popular vem bem a calhar para o classudo de hoje. Porque acontece que no futebol, vemos surgir histórias que nem sempre refletem à realidade. Ainda mais se tratarmos de assuntos relacionados à fase mais romântica do esporte bretão. Caso fosse vivo, hoje seria o 102º aniversário de Bernardo Gandulla e é claro que você já ouviu falar dele. O ponta argentino é erroneamente dito como a pessoa que deu nome aos gandulas, essas pessoas que ficam repondo a bola durante o jogo. Acontece que não é bem assim. Gandulla viveu na época romântica do futebol, quando as histórias de jogos e torneios eram repassadas através de crônicas pelos jornais mundo afora. Nesse período, sobretudo o do auge do jogador, a humanidade vivia a segunda grande guerra mundial. E nesse tempo, não houve as copas de 42 e 46. As seleções nacionais, sem o seu principal torneio mundial, faziam vez ou outras excursões continentais e disputavam pequenas taças. Foi mais ou menos esse o contexto que o Vasco descobriu o atacante argentino. Na época, Gandulla jogava pelo Ferro Carill Oeste e em 39 desembarcou no time da Colina junto a outros dois compatriotas. No entanto, o jogador contratado com status de estrela teve problemas com seu passe, o caso foi parar na FIFA e ele ficou impossibilitado de jogar. Aqui que se começa algumas versões da lenda. Segundo alguns contam, o jogador não jogava e ficava à beira do campo repondo a bola, com certa agilidade. Dai teria surgido o gandula. Não é verdade. Fato é que quando o juiz deu a causa para o Gandulla e pro Vasco (aliás, um dos relatos mais antigos de um juiz fora do meio esportista que deu uma causa ganha a um jogador impossibilitado de exercer seu oficio), já existia a expressão "gandula" no Rio de Janeiro. O termo gandula significava menino vadio. Eram essas crianças que ficam às margens dos campos ajudando a repor a bola ao jogo. Acontece que em 40, um ano depois de Gandulla, o argentino, ter passado pelo vasco, a Liga Carioca de Futebol oficializou a função de gandula, com esse nome. Outra coisa que ajudou a proliferar essa lenda, foi o fato de Gandulla ser bom de bola, mas ser um pouco nervoso. Quando ia reclamar com o árbitro, pegava a bola com as mãos, colocava debaixo do braço e ia de dedo riste pra cima. Como naquela época a capital ainda era o Rio de Janeiro, os jornais davam certa importância aos jogos no estado, a fama do argentino correu, e a enorme coincidência da oficialização do oficio logo depois ajudou a romantizar a história. Depois que passou pelo Vasco, Gandulla voltou para Buenos Aires e ficou bom tempo jogando pelo Boca Juniors. Sua carreira na Seleção Argentina não foi longa, devido o contexto mundial e a falta de torneios mundiais, como dito. Ao se aposentar, na década de 50, treinou alguns times argentinos, como o próprio Boca. Faleceu em 99, aos 83 anos, carregando a fama de ter sido o precursor dos repositores de bola, ainda difundido até hoje. Por que joga de terno? É difícil falar de um jogador mais "mítico" e que tem poucos relatos de seus feitos realmente reais. Fato é que Gandulla foi contratado pelo Vasco para que o time pudesse competir com o Flamengo de Leônidas. Veio bem badalado, mas foi mesmo no Boca seu auge, conquistando dois títulos nacionais. Há ainda alguns relatos que ele deu nome a prêmios de melhor jogador argentino no país. 👤 Bernardo José Gandulla 👶 1 de março de 1916. Falecido em 7 de julho de 1999 (83 anos) 🏠 Argentina 👕Ferro Carril Oeste, Vasco da Gama, Boca Juniors, Atlanta e Seleção Argentina. 🏆 Campeonato Argentino: 40 e 43 (Boca Juniors) 👑 Sem prêmios individuais de destaque Classômetro: 👔👔👔👔👔 (5) 📸 Autor Desconhecido - El Gráfico sports magazine #1118

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