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Meu querido canalha


Existem coisas que o futebol não é capaz de explicar. Como entender essa relação de amor e ódio tão volátil que vem das arquibancadas? Por que diabos sofremos tanto com um esporte que pode ser tão apaixonante quanto cruel aos nossos sentimentos? Difícil saber. Dizem que a paixão pelo seu clube do coração não se explica, apenas se sente. E essa montanha-russa de sentimentos que transformamos em gritos e xingamentos é que (não) explica a nossa relação com alguns ídolos do clube. Vestir a camisa do maior rival, por exemplo, é correr o risco de ver ruir toda uma idolatria que leva anos para ser construída. E existe um desses ídolos que nunca ousou fazer tal desfeita ao clube e, mesmo assim, mantém uma relação de dicotomia entre os querem ele de volta e o que querem ele bom longe. Hoje vamos falar sobre "El Mago" Valdívia e por que é tão difícil entender a torcida do Palmeiras e o próprio jogador. Ao desembarcar em São Paulo, em 2006, Jorge Luis Valdivia Toro já mantinha uma consistente carreira, que começou no Colo-Colo do Chile, seu país natal, e passou por clubes da Espanha e Suíça. Apesar do valor pago de cerca de R$8 milhões, o maior já investido em um estrangeiro no Palmeiras até então, o chileno chegava sem grande destaque na imprensa. Seu objetivo ali era compor o meio-campo de um time considerado limitado tecnicamente mas aliviado pela presença do craque Edmundo. Juntos, a dupla comandada inicialmente por Tite e depois Caio Júnior conseguiu dar ritmo ao time. Valdívia se mostrava um meio-campo capaz de armar jogadas com precisão e deixar os companheiros na cara do gol com frequência, um camisa 10 legítimo, número que ele começou a ostentar nas costas em pouco tempo. O time se mostrava cada vez mais dependente do armador que, quando não jogava, as derrotas eram frequentes. E os motivos para que Valdívia não entrasse em campo eram aqueles que, depois, iriam colocar em xeque a boa relação com a exigente torcida palmeirense: polêmicas e lesões. Na reta final do Campeonato Brasileiro de 2007, foi suspenso por 5 partidas após uma cotovelada em Alan Kardec, do Vasco. E o Palmeiras, que brigava por uma vaga na Libertadores, não teve forças sem o meia e ficou de fora da competição Já em 2008 conquistou seu primeiro título, o Paulista daquele ano. Seguiu no clube em meio a lesões, provocações e agressões. Tanto dele quanto nele. Pelo seu estilo violento e provocador, Valdívia era frequentemente "caçado" em campo, fato que o levou a reclamar publicamente, inclusive. No mesmo ano foi negociado com o futebol árabe e sumiu do mapa do futebol brasileiro, mas não da memória da torcida alviverde que constantemente o pedia de volta. E isso aconteceu em 2010. Valdívia estava de volta para a alegria do saudoso torcedor. "Voltei para ser campeão" dizia. E, de fato, foi. A conquista da Copa do Brasil de 2012 era pra consagrar de vez Valdívia na história do clube. Mas não foi bem assim. No mesmo ano o Palmeiras foi rebaixado e Valdívia não demonstrava mais ser o mesmo jogador de sua primeira passagem. As lesões (algumas suspeitas) eram agora mais frequentes e as polêmicas também. Dentro e fora de campo e dentro e fora das baladas. E a relação, que já estava desgastada, terminou de vez. Encerrou sua segunda passagem em 2015 após conquistar mais um título da Copa do Brasil. Porém, enquanto a torcida do Palmeiras questionava suas atuações, a torcida do Chile vibrava. Valdívia brilhava na Seleção, inclusive na conquista da Copa América de 2015. Ali, as lesões eram mais raras, o que desagradou ainda mais a torcida do time que um dia o amou. Ou ainda ama? Quando veio enfrentar o Brasil no jogo decisivo para sua seleção em busca de uma vaga na Copa do Mundo 2018 justamente na Arena Palmeiras, Valdívia foi ovacionado ao ter o nome anunciado no telão do estádio. E vaiado após o fim do jogo em que perdeu de 3x0. Reflexo da relação difícil de explicar entre a torcida do Palmeiras e Valdívia. Ainda que este frequentemente demonstre seu carinho pelo clube em redes sociais, quando era jogador não poupava críticas aos técnicos e jogadores e até mesmo à torcida que o cobravam e pediam mais empenho e dedicação. Por que joga de terno? Para tentar entender um pouco o que pensam os torcedores, nós pedimos no nosso instagram (@jogadeterno) que os torcedores palmeirenses o definissem em uma palavra. Foram citados os termos "vidro", "gênio-preguiçoso" e o que foi mais citado: chinelinho. O fato é que ainda é possível encontrar jogadores que o pedem de volta, mesmo em um Palmeiras muito superior ao que ele encontrou em suas duas passagens. Talvez pela falta de um camisa 10 com as características dele, não só no Palmeiras mas no futebol brasileiro como um todo. Meia clássico que sabe armar jogadas e dar assistências, além dos dribles provocantes naquela porção central do campo. Para alguns Valdívia é passado, para outros ainda pode ser o futuro. E você, o que acha? 👤 Jorge Luis Valdivia Toro 👶 19 de outubro de 1983 (34 anos) 🏠 Chileno 👕 Colo-Colo, Concépcion, Rayo Vallecano, Servette, Palmeiras, Al Ain, Al-Wahda e Seleção Chilena 🏆 (principais) Campeonato Chileno (apertura) 06 (Colo-Colo); Copa do Brasil 12 e 15 (Palmeiras); Copa do Presidente 08/09 (Al Ain); Copa América 15 (Seleção Chilena) 👑 Melhor meia esquerda do Campeonato Brasileiro (Prêmio Craque do Brasileirão) 07, Bola de Prata (Placar) 07 , Melhor Jogador do Campeonato Brasileiro (Troféu Mesa Redonda) 07, Seleção do Campeonato Brasileiro 07, Melhor meia ofensivo das Américas (El País) 07, Melhor jogador da Liga dos Emirados Àrabes 09, Melhor jogador chileno 09, Seleção da Copa América 11 Classômetro: 👔👔👔👔👔👔 (6,3)

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