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Vermelho como sangue


João Saldanha ou João Sem-Medo foi um personagem icônico no futebol brasileiro. Jornalista, escritor e treinador de futebol, fez história no Botafogo e na Seleção Brasileira. Mas ficou marcado nacionalmente por não aceitar ordens vindas diretas do governo militar na formação do seu elenco para a Copa do Mundo de 1970. Para ele era inaceitável a influência de Brasília dentro das quatro linhas. João não era para ser treinador, foi assessor do futebol do Botafogo e com a demissão de um técnico, foi convidado para assumir o time. Foi campeão carioca em 57. Nesse ano ele foi contra todas as previsões vindas das Laranjeiras, cujo presidente declarou ser inútil uma decisão, devida a superioridade de seu clube. Ledo engano, a estrela solitária aplicaria uma sonora goleada sobre o Fluminense por 6x2 no Maracanã, cinco gols de Paulo Valentim e um de Garrincha. No Botafogo Saldanha permaneceria até 1959. Saldanha voltaria às redações para se tornar comentarista esportivo. Não prosseguiu como técnico de futebol devido sua insatisfação com o controle do grupo, excursões e concentração. Sua personalidade não permitia estar em um lugar onde não tinha total liberdade para trabalho e isso iria lhe dar outros problemas no futuro. Em 1969 Saldanha voltaria a beira do gramado para ser técnico da seleção brasileira. No meio de uma crise de credibilidade devido a resultados desfavoráveis, João era o principal crítico da seleção como jornalista. Não demoraria muito para João Havelange jogar a responsabilidade para Saldanha e ao mesmo tempo calar um crítico. Conseguiu montar uma seleção com uma base de Santos, Botafogo e Cruzeiro, o melhor que tinha na época. Os resultados vieram, expressivos e marcantes para o mundo. Aquela seleção jogava por música. As eliminatórias prosseguiam e cada jogo que passava o Brasil se convencia que o Mundial poderia ser nosso. Treze meses se passaram e Saldanha se envolveu em uma briga com Médici, em especial após a insistência do presidente ao pedir para levar Dadá Maravilha a Copa do Mundo. Saldanha disse em Porto Alegre para a imprensa: “Quando ele formou o Ministério não me pediu opinião. Por isso não quero a opinião dele na hora de eu formar o meu time”. Afirmou depois que o General não aguentava mesmo é ver um comunista à frente da seleção. Saldanha assistiria sua seleção ser campeã no México em 1970 sob o comando de Zagallo. Mas não ficou calado, além de criticar técnicos e jogadores por esquemas táticos, falta de habilidade e confusões... Ainda conseguiria denunciar esquemas de corrupções nas federações e clubes, fazendo política a favor do futebol. Por que treinava de terno? João Sem-medo não tinha papa na língua. Caso tenha curiosidade, assista a entrevista dele ao programa Roda Viva da TV Cultura em 1987, um clássico da TV brasileira. Engraçado e rabugento, um homem de seu tempo que amava o futebol-arte e não aceitava de maneira alguma que seus times jogassem na defensiva. Nos anos 70 já criticava a europeização do nosso futebol. Sorte dele que não viu a Copa de 2010 e 2014 👤 João Alves Jobim Saldanha 👶 3 de julho de 1917, faleceu em 12 de julho de 1990, aos 73 anos 🏠 Brasileiro 👕 Botafogo e Seleção Brasileira 🏆 (principal) Campeonato Carioca 57 (Botafogo) 👑 Sem premiações Classômetro: 👔👔👔👔👔👔👔(7)

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