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Jogador que escreveu poesia no futebol


Foi assim que o jornalista Joseph Solomon descreveu o classudo de hoje. Considerado um dos maiores defensores da história, Gaetano Scirea foi e ainda é um expoente da elegância defensiva italiana. Referência para as seguintes gerações do calcio, o líbero dominava com sobra todos os fundamentos da arte da defesa e tinha extrema inteligência tática. Além de tudo, era um exemplo de conduta desportiva dentro de campo. A conjunção dessas qualidades o tornou uma verdadeira entidade do futebol. Com os ternos da Juventus e da Azzurra, o italiano se tornou um dos cinco jogadores da Europa a conquistar todos os torneios de clubes reconhecidos pela UEFA e pela FIFA. Sem contar a Copa do Mundo de 1982... E isso tudo sem nunca ter recebido um cartão vermelho.

Ainda que tenha feito sua fama como jogador da Juve e da Itália, foi na Atalanta que Scirea começou sua carreira. Estreou pelos nerazzurri na Série A em 1972, com 19 anos. Defendeu o clube por duas temporadas, antes de ser pincelado pela Juventus, que buscava um substituto para Sandro Salvadore. Apesar de jovem, com apenas 21 anos, o defensor se adaptou rapidamente à equipe bianconera. Jogou 28 das 30 partidas da temporada, virou titular absoluto e já conquistou o campeonato italiano.

Ao título nacional no ano de estreia, Scirea somou uma infinidade à sua sala de troféus ao longo dos 14 anos defendendo a Velha Senhora. Jogando ao lado do lendário Dino Zoff, do ótimo Antonio Cabrini e do implacável Claudio Gentile, o líbero colecionou mais seis campeonatos italianos, duas copas da Itália, uma Copa da UEFA, uma Copa Europeia e um Intercontinental. Títulos e mais títulos, mas ainda nem falamos da trajetória de Scirea na Squadra Azzurra.

Com a Itália, o líbero não conseguiu se destacar pela quantidade de conquistas, como o fez na Juventus, mas foi com a seleção que veio sua maior e mais importante honraria. Após estrear pela equipe em 1975 e ficar em quarto nas disputas da Copa do Mundo de 78 e da Euro de 80 - essa mais dolorosa, por ter sido em solo italiano -, o momento de glória finalmente chegou em 82, na Espanha.

Foi nessa Copa do Mundo que a Azzurra chegou ao ápice e reconquistou o mundo após 44 anos de jejum. Mais uma vez ao lado de Zoff, Cabrini e Gentile, mas dessa vez com a companhia de Paolo Rossi, Giuseppe Bergomi, Marco Tardelli e Bruno Conti, Scirea coroou sua estrada na Azzurra. Os comandados de Enzo Bearzot superaram as críticas e o início ruim na fase de grupos e cresceram na parte final do torneio, para a infelicidade do Brasil.

Depois de vencer a Argentina de Maradona, a Itália protagonizou, contra a magnífica seleção brasileira de Telê Santana, a tragédia de Sarriá. Júnior, Toninho Cerezo, Falcão, Sócrates, Zico e cia sucumbiram diante do inspirado Paolo Rossi. O Brasil tentou, mas os gols de Sócrates e Falcão não foram suficientes para superar o hat-trick de Rossi, e assim a Azzurra rumou para as semis. Depois da Polônia, foi a vez da Alemanha de Rummenigge ser batida pela seleção italiana, que conquistou seu terceiro título mundial.

Scirea ainda jogaria a Copa de 86, depois da qual se aposentaria da equipe nacional para dar lugar a ninguém menos que Franco Baresi. Dois anos depois, se retiraria também da Juventus, e, assim, do futebol. Com 35 anos, já não tinha o mesmo fôlego, e jogava como zagueiro de ofício. Após a aposentadoria definitiva, trabalharia como auxiliar de seu antigo capitão, Zoff.

Numa das viagens para observar talentos, em 89, na Polônia, se envolveu em um acidente de trânsito e morreu prematuramente aos 36 anos. Tinha potencial para virar um grande técnico e foi uma perda inestimável para o mundo de futebol. Mas fica o seu legado. Há um prêmio no futebol italiano que leva o seu nome, assim como a arquibancada dos ultras do Juventus Stadium. Enzo Bearzot inclusive chegou a propor que sua mítica camisa 6 fosse aposentada da Itália e da Juventus. O pedido não foi aceito, mas isso não diminui em nada o reconhecimento merecido que recebe o lendário Gaetano Scirea.

Por que jogava de terno?

Um verdadeiro mestre da função de líbero, Scirea era tão bom na marcação quanto com a bola no pé. Talvez por ter começado a jogar como meia, sua técnica era muito acima da média para um jogador de defesa. Não à toa, começava com ele a saída de bola de suas equipes. Sempre contribuía na armação de jogadas e de vez em quando guardava seus golzinhos, aproveitando sua leitura de jogo e os espaços adversários. Extremamente elegante, Scirea também era limpo no combate aos atacantes e um exímio comandante das esquadras da Itália e da Juve. Capitaneou tanto a seleção quanto a Velha Senhora, sendo um líder com classe, fair play e companheirismo. Impecável na defesa, incansável durante todo o jogo, técnico e inteligente, Scirea é uma instituição do calcio.

👤 Gaetano Scirea

👶 25 de maio de 1953

🏠 Italiano

👕 Atalanta, Juventus e Seleção Italiana.

🏆 Campeonato Italiano 1974/75, 1976/77, 1977/78, 1980/81, 1981/82, 1983/84, 1985/86; Copa da Itália 1978/79, 1982/83; Copa da UEFA 1976/77; Copa Europeia 1984/85; Copa Intercontinental 1985 (Juventus); Copa do Mundo 1982 (Seleção Italiana).

👑 Seleção da Eurocopa 1980 e Hall da Fama do futebol italiano.

Classômetro: 👔 👔 👔 👔 👔 👔 👔 👔(8,6)

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