O Drácula
O lateral-esquerdo e zagueiro Cristian Chivu foi um dos últimos suspiros do futebol de alto nível da Romênia nos anos recentes. Após a geração de ouro do país balcânico na década de 90, com Hagi e companhia, coube a jogadores como Chivu e Mutu a missão de manter a seleção tricolor em um patamar respeitável. O defensor desempenhou bem o seu papel, participando de boas campanhas em torneios de selecionados. No âmbito de clubes, ganhou tudo o que podia com os ternos de Ajax, Roma e Internazionale, e é lembrado pela solidez defensiva e qualidade na cobrança de faltas.
Chivu iniciou sua vitoriosa carreira muito jovem, no time da sua cidade. Profissionalizou-se pelo Resita com somente 16 anos em 1996, e por lá ficou apenas até fazer 18, quando foi para um dos maiores clubes da Romênia. No Universitatea Craiova, o futebol do defensor começou a ser notado e a atrair o interesse de grandes clubes da Europa. E Chivu foi em busca de maiores voos já no ano seguinte, em 1999, quando assinou pelo Ajax e fez sua estreia na seleção nacional.
O começo da trajetória do zagueiro/lateral na tricolor, aliás, foi rapidíssimo. Jogou pela equipe principal apenas quatro vezes antes da Eurocopa de 2000. Ainda assim, foi titular nas quatro partidas do time e fez seu primeiro gol internacional no torneio, em vitória por 3 a 2 sobre a Inglaterra. Apesar disso, a Romênia seria eliminada pela vice-campeã Itália nas quartas. Também falharia nas tentativas de ir às Copas do Mundo de 2002, 2006 e 2010 e à Euro 2004, retornando a um torneio somente na Eurocopa de 2008.
Voltando aos clubes, foi no Ajax que o mundo conheceu a segurança de Cristian Chivu e a sua crescente habilidade nas cobranças de falta. Em Amsterdam, o defensor também começou a mostrar sua capacidade de liderança. Com a braçadeira de capitão e a confiança do técnico Ronald Koeman, Chivu levou o gigante holandês ao domínio doméstico com a tríplice coroa local (campeonato, copa e supercopa). Naquela jovem equipe, que contava com promessas como van der Vaart, Chivu também conheceu jogadores com quem viria a celebrar outros títulos no futuro: Ibrahimovic, Sneijder e Maxwell.
Depois de ótimo desempenho na temporada 2002-03 – que rendeu a Chivu um lugar na seleção da UEFA de 2002, além dos prêmios de melhor jogador do futebol holandês e melhor jogador romeno daquele ano –, o defensor deixou o Ajax. Por 18 milhões de euros, assinou com uma grande força do então campeonato mais disputado do mundo. Na Roma, seu futebol foi atrapalhado pelas lesões. Ainda assim, Chivu não deixou a capital italiana sem títulos: na sua última temporada pelos romanistas, 2006-07, levantou o caneco da Copa da Itália.
A janela de transferências da intertemporada seguinte ventilou mais uma vez a ida do defensor para grandes clubes, como Real Madrid e Barcelona, mas o que mudou foi apenas a cidade. De Roma, Chivu foi para Milão defender a Internazionale por 16 milhões de euros. E foi com os nerazzurri que a carreira do romeno atingiu o seu ápice. Já na primeira temporada, conquistou o campeonato tão desejado no clube anterior. Em 2008-09, manteve o domínio doméstico e ensaiou boa campanha na Champions, com destaque para o jogo contra o Manchester United em que parou Rooney e Cristiano Ronaldo e faturou o prêmio de melhor da partida. Mas foi a temporada seguinte que consagrou aquela Inter.
Em 2009-10, os comandados de José Mourinho perderam Ibrahimovic mas ganharam tudo o que poderiam desejar. A única desvantagem para Chivu foi a perda da titularidade absoluta, já que Lúcio e Samuel assumiram a zaga interista e o eterno capitão Zanetti foi para a lateral esquerda com a boa fase de Maicon. Além disso, o romeno sofreu uma lesão no crânio em janeiro e só voltou aos campos em março, com uma proteção na cabeça parecida com a de Petr Cech. Ainda assim, Chivu entrava com frequência no time, e colaborou bastante para a equipe no fim da temporada que consagrou a inédita conquista da tríplice coroa. Foi titular na final da Champions League contra o Bayern e levantou a terceira orelhuda da Inter, que voltou ao topo da Europa após seca de 45 anos.
Na temporada seguinte, conquistou o Mundial de Clubes e a Copa da Itália, mas não voltou à titularidade. Também em 2011, anunciou a aposentadoria da seleção romena, a qual capitaneou sem sucesso nas eliminatórias para a Copa de 2010. A retirada definitiva não tardaria muito mais. Ao término do seu contrato com a Inter em 2014, Chivu pendurou as chuteiras aos 33 anos de idade após uma carreira recheada de títulos.
Por que jogava de terno?
Cristian Chivu foi, junto de Adrian Mutu, um dos melhores jogadores da Romênia nos últimos anos. Defensor seguro, Chivu não brincava em serviço, seja como lateral esquerdo ou zagueiro central. Era bom na marcação individual, tinha bom senso de posicionamento e qualidade técnica acima da média para um jogador de defesa. Não à toa, às vezes era utilizado como volante, dada a boa saída de bola. Além disso, a qualidade na bola parada sempre fez de Chivu uma preocupação para os adversários. O romeno era um especialista em faltas e de vez em quando anotava os seus gols com a precisão de seus remates. Foi membro importante da equipe multicampeã da Inter de Milão no fim da década passada.
👤 Cristian Eugen Chivu
👶 26 de outubro de 1980 (36 anos)
🏠 Romeno
👕 Reșița (ROM), Universitatea Craiova (ROM), Ajax (HOL), Roma (ITA), Internazionale (ITA) e Seleção Romena
🏆 Campeonato Holandês 01/02, Copa da Holanda 01/02, Copa da Itália 06/07 (Roma); Campeonato Italiano 07/08, 08/09 e 09/10, Copa da Itália 09/10 e 10/11, UEFA Champions League 09/10 e Mundial de Clubes 10 (Internazionale)
👑 Chuteira de Ouro do futebol holandês 2002, Seleção da UEFA 02/03, Jogador Romeno do ano 02, 08 e 2009
Classômetro: 👔 👔 👔 👔 👔 👔 (6,0)