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Falou e disse. Porém, não muito


Biografias são sempre uma ótima forma de conhecer melhor sobre a vida de um artista. Mas quando ela é escrita pelo próprio artista temos geralmente duas situações: as autobiografias em que o artista diz tudo sobre sua vida e revela coisas que você nunca imaginou ou aquele livro raso, sem muita informação, feito mais para exaltar os feitos de si mesmo e aumentar o seu ego. No caso de Galvão Bueno não é preciso dizer que se trata da segunda opção. Escrito por ele e Ingo Ostrovsky, "Fala Galvão" conta toda a carreira do comunicador, desde seu começo no rádio até se tornar o narrador mais icônico da história do esporte brasileiro. O problema é que ele sabe disso e não faz questão de esconder. Durante o livro você vai ler diversas vezes como ele é bom no que faz e tudo que conquistou nesses mais de 40 anos de carreira. Mas ninguém chega ao topo sem cometer deslizes, como no caso em que ele dá uma bronca em Pelé na Copa de 94 ou a campanha "cala boca, Galvão", na Copa de 2010. Ele chega a mencionar essas histórias, mas sempre de uma forma que não arranhe a sua imagem, em uma clara demonstração de alguém que não lida bem com as críticas. Ele também conta suas experiências ao lado de alguns dos maiores esportistas do mundo como Ronaldo, Pelé e Ayrton Senna. Talvez o ponto alto do livro seja mesmo as histórias que ele viveu ao lado do piloto brasileiro morto em 94. Galvão conta como era sua relação íntima com Senna, inclusive detalhes de sua personalidade extremamente competitiva e perfeccionista com os resultados, coisa de quem só quem conheceu a intimidade do piloto poderia contar. Vale a pena a leitura? "Fala, Galvão" não surpreende, apenas ratifica a imagem que muitas pessoas têm de Galvão Bueno: competitivo, prepotente, e talvez até arrogante mas, sem dúvida alguma, vencedora. Talvez o melhor do livro seja, justamente, quando ele não fala de si, afinal de contas, ele pode se orgulhar de ter convivido com alguns dos maiores esportistas do mundo - e eles de terem conhecido Galvão Bueno. Mesmo assim não espere muito, todos ali são sempre tratados como bons amigos e ótimos profissionais. Nenhuma crítica, (a única página dedicada a falar de Ricardo Teixeira, ex-presidente da CBF, por exemplo, chega a ser constrangedora tamanho eufemismo) mesmo a pessoas com quem, publicamente, ele teve atritos. Portanto, o melhor momento mais revelador do livro fica mesmo com sua história íntima com o saudoso Ayrton Senna. A leitura vale a pena para quem realmente admira a carreira de Galvão e quer conhecer um pouco da vida dele. Mas só um pouco mesmo. De resto você só vai ler números que mostram como ele é bom no que faz (e de fato é), que está cercado de ótimos profissionais (e de fato está) e alguns nomes de vinhos que talvez você nunca chegue a experimentar. Avaliação: ✏✏✏✏✏✏✏ (7) 📖 Fala, Galvão (312 páginas) 📝 Galvão Bueno e Ingo Ostrovsky 📅 2015 📚 Editora Globo 💵 R$ 24,90 + frete (Ponto Frio)


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