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Dino Zoff: portiere à italiana


Foi na desacreditada Squadra Azzurra 82 que o capitão Dino Zoff fez a proeza de conquistar uma Copa do Mundo aos 40 anos de idade, tornando-se o jogador mais velho a ganhar o Mundial e consagrando-se também como o segundo goleiro a erguer a taça, atrás apenas de outro guarda-metas italiano: Giampiero Combi, da Copa de 34. Mas o lugar cativo de Zoff nas cadeiras de alta classe do JdT pouco tem a ver com os “assentos reservados aos mais velhos”: Dino Zoff é presença vip na nossa linha de fundo especialmente por sua habilidade técnica imensurável, honrando a defesa como ponto forte das seleções italianas e jogando a pá de cal no futebol-arte canarinho, naquela bola em cima da linha no último minuto das quartas de final de 82. Porém, para assumir o posto de capitão italiano e sagrar-se como o quarto jogador que mais defendeu a Azzurra, atrás apenas de Buffon, Maldini e Cannavaro, a caminhada no tapete verde foi longa: aos dezenove anos, Zoff estreava pela Udinesse; em 63 foi transferido para o Mantova, onde ficou por quatro temporadas, e depois para o Napoli, em mais cinco temporadas – todas elas sem qualquer título de expressão. Em 68, ele estava no elenco que conquistou a Copa da UEFA, embora só tenha estreado oficialmente pela Seleção em 70, tomando a titularidade de Enrico Albertosi em 72. Nesse mesmo ano e já aos trinta, Zoffi foi contratado pela Juventus, onde logo de cara atingiu a incrível marca de 903 minutos sem tomar gol e onde conquistou praticamente todos os títulos de sua carreira. O “minuto de glória” veio na Copa de 82. Classificando-se no saldo de gols depois de uma primeira fase amarga, a Itália pegaria a favoritíssima Seleção Brasileira de Leandro, Júnior, Cerezo, Falcão, Zico, Sócrates, Éder... naquele que fora o último expoente do futebol arte de todos os tempos. A Espanha, palco do espetáculo, foi em peso assistir ao que a princípio seria um jogo de ataque contra defesa, já certa de que o Brasil daria show outra vez, com o futebol envolvente e as goleadas irretocáveis das últimas partidas. Mas ali a postos no Estadi de Sarrià, a história foi bem diferente: seria sim ataque contra defesa. Mas não era qualquer defesa. O esquadrão do Telê Santana enfrentaria pela primeira vez uma seleção que marcava homem a homem, com uma aplicação tática perfeita, sem deixar qualquer espaço para os brasileiros fazerem arte. Apenas Paolo Rossi não tinha a função de marcar. A não ser que fossem gols. E assim ele fez: o bambino de ouro assinou os três tentos da partida que terminou em 3 x 2, ainda com tempo para o minuto de glória de Dino Zoff, que operou um verdadeiro milagre na cabeçada do zagueiro Oscar pela última bola do jogo, encerrando de vez a passagem da Seleção favorita naquela Copa. A partir dali só deu Itália Campeã de 82 que, para renascer, precisou matar o futebol-arte brasileiro. Anos depois, o Estádio Sarriá também morreria, apagando as lembranças daquela partida história e dando lugar a um condomínio residencial. Em 83, um ano após o Mundial, o capitão do tri encerrou a carreira na Juve, vestindo o terno de treinador de goleiros da equipe para conquistar, mesmo que dos bastidores, mais uma Copa da UEFA e da Itália pela temporada 89-90 da Velha Senhora. Em 2014, Dino Zoff ainda lançou a autobiografia “Dura solo un attimo, la gloria” (“Dura só um instante, a glória”). No livro, escrito em parceria com o jornalista Marco Mensurati, Zoff relembra o fatídico mundial e o famoso minuto de glória, admitindo em compaixão: “o Brasil era melhor”. Tanto que, depois do Desastre de Sarriá, a Squadra Azzurra nunca mais venceu a Seleção Brasileira. Por que jogava de terno? Porque esbanjou classe para erguer a taça da Copa do Mundo já aos 40 anos de idade. Ou porque fez a defesa que tirou o favorito Brasil da Copa de 82. Ou por ser o guardião das metas à melhor moda italiana, assumindo o recorde de maior invencibilidade em jogos pela Seleção: 1143 minutos sem tomar gol, dentre 20 de setembro de 1972 e 15 de junho de 1974. Ou simplesmente porque, como ele mesmo diz, nasceu pra ser goleiro. 🚹 Dino Zoff 👶 28 de fevereiro de 1942 (74 anos) 🏠 Italiano 👕 Udinesse, Mantova, Napoli, Juventus, Seleção Italiana 🏆 (principais) Campeonato Italiano 72/73, 74/75, 76/77, 77/78, 80/81 e 81/82; Copa da UEFA 76/77 e Copa da Itália 78/79 e 82/83 (Juventus); Eurocopa 68 e Copa do Mundo 82 (Seleção Italiana) 👑 Melhor jogador da Itália no Jubileu dos 50 anos da UEFA; Melhor goleiro italiano do século XX (IFFHS 99); Luva de Ouro 82 Classômetro: 👔👔👔👔👔👔👔👔👔 (8,6)

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