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Grandeza é não deixar se vencer por nada


A festa já estava toda preparada. Era uma quarta-feira do dia 7 de maio de 2008. Mais de 50 mil flamenguistas coloriram o Maracanã de vermelho e preto para se despedir do então técnico Joel Santana, que aceitara comandar a seleção da África do Sul mirando a preparação pra Copa do Mundo de 2010 -A África do Sul era o país-sede e já tinha a vaga assegurada. "Papai" Joel havia deixado o Flameno em uma situação confortável depois de voltar do México com uma vitória por 4x2 sobre o América. Nem mesmo o mais pessimista dos torcedores poderia, no entanto, prever o que aconteceria no tapete verde do Maior Mundo. Após o apito final, o Flamengo dava adeus à Libertadores da América. Esse dia histórico do Maracanã ficou marcado na memória do torcedor flamenguista -e também dos rivais- graças, sobretudo, a um homem. Salvador Cabañas Ortega. Apesar de ter ficado marcado no Brasil por conta desse jogo, o jogador de cabelo comprido e barriga um pouco avantajada, o "gordinho" Cabañas, como passou a ser chamado aqui, já era um jogador de destaque no Paraguai. Lá jogou por 12 de Octobre, onde começou a carreira e no Guarani. Também usou os ternos do Audax do Chile e Jaguares do México antes de chegar ao América, em 2006. Em 2008, depois se consagrar no Maracanã, ainda ajudaria sua equipe a eliminar outro brasileiro da disputa, o Santos, mas sucumbiu na semifinal diante da LDU, que seria a campeã do torneio. Foi o artilheiro da competição, ao lado de Marcelo Moreno, com 8 gols. Era constantemente convocado para a Seleção, já havia disputado a Copa do Mundo de 2006 e a Copa América de 2007. E era dado como nome certo para disputar também a Copa do Mundo de 2010, mas uma tragédia antecipou o fim do melhor momento da carreira do atacante. O dia 25 de janeiro de 2010 também marcaria sua carreira. Após uma suposta tentativa de assalto em uma casa noturna, Cabañas tomou um tiro na cabeça que o colocou entre a vida e a morte. E sobreviveu. O que poderia ter sido um desfecho trágico da carreira de um jogador se tornou um exemplo de superação. 1 ano e meio depois retornou aos gramados em um jogo festivo entre América e Paraguai feito justamente para ele. Jogou por 20 minutos, um tempo em cada time, recebeu a braçadeira de capitão e uma placa com a frase que dá titulo a este texto. Mas Cabañas não era mais o mesmo. Ainda que estivesse mais magro e conseguisse jogar normalmente mesmo com a bala alojada na cabeça -os médicos acharam melhor não retirar a bala para evitar sequelas maiores- não chegou nem perto de ser o carrasco que o Brasil presenciou em 2008. Voltou a jogar no time que o revelou, o 12 de Octobre, e até mesmo no Tanabi, modesto time do interior paulista. Foi contratado para 3 jogos, mas atuou em apenas um e ainda perdeu um pênalti. "Não tenho mais condições de jogar futebol. Estou deixando os campos por não conseguir mais acompanhar o ritmo dos outros jogadores" disse o agora ex-jogador, em 2014. Por que jogava de terno? Impressionou o futebol ao marcar duas vezes na vitória sobre o Flamengo em pleno Maracanã lotado e também o mundo todo ao vencer a luta pela vida. Na cabeça ainda estão as memórias daquele dia e a bala que quase o matou. Hoje, cobra na justiça parte do patrimônio adquirido como jogador que segundo ele, foi tomado pelo ex-empresário e ex-esposa. E ainda quer voltar à equipe do Paraguai, agora como técnico. Muitos duvidaram que ele seria capaz de fazer o que fez no Maracanã. E muitos duvidaram que ele conseguiria voltar a jogador futebol. Por que não acreditar nele agora? 👤 Salvador Cabañas Ortega 👶 5 de agosto de 1980 (36 anos) 🏠 Paraguaio 👕 12 de Octobre (PAR), Guarani (PAR), Audax (CHI), Jaguares (MEX), América (MEX), General Caballero (PAR), Tanabi (BRA) e Seleção Paraguaia. 🏆 (principais) InterLiga e Copa El Mexicano 08 (América) 👑 (principais) Artilheiro da Libertadores 07 (10 gols) e 08 (8 gols) Classômetro: 👔👔👔👔👔👔 (6,4)

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