Por dedicação a mais, Castillo não se importou em jogar com um dedo a menos
Um goleiro que não pode usar as mãos é como um carro sem rodas: só serve pra ficar parado. E Castilho sabia disso ao sofrer constantemente com lesões nos dedos e decidir simplesmente amputar o dedo mínimo da mão. Carlos José Castilho começou a sua carreira de futebol sob as traves na década de 40 defendendo a meta do Olaria. Apesar de ser daltônico e ter escondido isso nos primeiros anos no clube, nunca teve problemas em lidar com a doença, ao contrário. O tom alaranjado, típico das bolas daquela época se destacava na visão dele, já que a doença, fazia com que ela a enxergasse como se ela fosse vermelha, o que melhorava o reconhecimento dela no gramado. Em 1946 ele se transferiu para o Fluminense e começou uma sólida relação de amor e de dedicação ao Tricolor das Laranjeiras. Além de ser habilidoso começou a se destacar também pela sorte. A trave se tornou sua amiga diversas vezes pois mesmo que ele não defendesse a bola simplesmente teimava em não entrar. Mas não foi apenas por sorte que ele foi parar a Seleção Brasileira. Tinha boa impulsão e reflexos e era capaz de defesas milagrosas. Aos poucos, se tornava a principal sombra do goleiro Barbosa, do Vasco, aquele que foi injustamente massacrado depois da derrota na Copa de 50. Castilho era seu reserva. Chegou a ser titular na Copa de 54 e voltou pro banco pra ser bicampeão do mundo, em 58 e 62. Em 57, em um treino pela Seleção, fraturou o dedo mínimo da mão. Os problemas de lesões com aquele dedos eram tão constantes que ele acabou ficando um pouco deformado. A deformação causava um atrito natural com o gramado que faziam Castilho atuar diversas vezes com fortes dores no local. O tempo de recuperação da fratura seria de dois meses mas Castilho não queria esperar todo esse tempo para voltar a atuar. Decidiu amputar parte do próprio dedo, o que não foi aprovado pelos médicos do clube e dirigentes. Determinado a isso, ele só fez a cirurgia de amputação ante a assinatura de um termo de responsabilidade. Em 15 dias já estava recuperado e de volta à meta da Seleção e a tempo de jogar a estreia do Campeonato Carioca daquele ano. Ao todo jogou mais de 700 jogos pelo Fluminense. Encerrou a carreira em 65, pelo Paysandu. Castilho morreu em 87, ao saltar do sétimo andar de um prédio no Rio de Janeiro, decorrente de surtos depressivos. Por que jogava de terno? Castilho enfrentou o daltonismo e foi capaz de amputar o próprio dedo em amor ao clube que defendia e para mostrar dentro de campo que não precisaria de todos os dedos na mão para continuar sendo um goleiro "milagreiro". Toda sua dedicação pela profissão e pelo clube não foi em vão. É considerado por muitos o maior ídolo da história do Fluminense e, sem dúvidas, o maior goleiro do clube e um dos melhores do Brasil, além de ser bicampeão mundial com a Seleção. Não era dos mais altos para a posição, media 1,81, mas sua grandeza como profissional não pode ser medida. Nem alcançada. 👤 Carlos José Castilho 👶27 de novembro de 1927, faleceu em 2 de fevereiro de 1987, aos 59 anos 🏠 Brasileiro 👕 Olaria, Fluminense, Paysandu e Seleção Brasileira 🏆 (principais) Copa Rio 52, Torneio Rio-São Paulo 57 e 60, Campeonato Carioca 51, 59 e 64 (Fluminense); Campeonato Pan-americano 52, Copa do Mundo 58 e 62 (Seleção Brasileira) 👑 Sem títulos individuais de destaque Classômetro: 👔 👔 👔 👔 👔 👔 👔 👔 (8,8)