"Moleque! Irresponsável!!"
Assim Joãozinho foi recebido no vestiário após marcar o gol da vitória do Cruzeiro por 3a2 sobre o River Plate, que deu o título da Copa Libertadores de 1976 à equipe de mineira. Mas antes de contarmos o motivo dele ter sido recebido no vestiário dessa maneira pelo técnico Zezé Moreira, vamos contar um pouco da carreira do ponta-esquerda. A carreira de João Soares de Almeira Filho, Joãozinho, começou por acaso no futebol. Desde criança era destaque nas peladas do bairro em que morava, mas o esporte para ele era apenas diversão. Senhor João de Almeida, pai do atleta, era cruzeirense fanático e trabalhava como motorista de ônibus na empresa de Carmine Furletti, vice-presidente do Cruzeiro. Certa vez, após um dia de trabalho, em uma conversa com o seu chefe, pediu para que ele conseguisse uma peneira nos juvenis do time para o seu filho. Joãozinho logo de cara foi aprovado nas categorias de base do Cruzeiro. Aos 16 anos, começou a sua história com o clube celeste. Teve um grande desafio no início: largar o vício do cigarro, ele fumava já tão cedo, e foi flagrado por Carmine em duas oportunidades, que ameaçou o jovem dizendo que da próxima vez ele não entraria mais lá. Depois disso Joãozinho parou de fumar e se dedicou à carreira. Não demorou para ele chamar a atenção. Mesmo sendo destro, jogava na ponta-esquerda. Na época não era muito comum, a posição invertida no campo ajudava a confundir os marcadores, acostumados a marcar canhotos. Joãozinho está entre os dez maiores artilheiros e os que mais jogaram pela raposa. Na Libertadores tudo começou em uma grande partida entre Cruzeiro e Internacional, no ano anterior a equipe mineira havia perdido o título para os gaúchos. Na partida válida pela Libertadores veio a revanche, considerada por muitos um dos melhores jogos da história do Mineirão. A raposa venceu a partida por 5x4, Joãozinho foi eleito o melhor em campo. Marcou 2 gols, deu duas assistências e sofreu o pênalti que decretou a vitória celeste. A vitória deu forças ao time que chegou a grande final contra um invicto River. O Cruzeiro venceu a partida de ida em casa por 4a1, no jogo da volta em Buenos Aires perdeu por 2a1. Na época, pelo regulamento, havia a necessidade de uma terceira partida em campo neutro. Estádio Nacional, em Santiago, foi o palco decisivo do jogo. Cruzeiro começou melhor na partida e abriu 2a0. O River não se abateu e conseguiu o empate. Aos 42min do segundo tempo veio o lance que marcou a carreira de Joãozinho, e que certamente está na memoria de todos cruzeirenses. Era uma falta na entrada da área. A equipe mineira contava com Nelinho, um dos maiores cobradores de falta da época, todos contavam que ele fosse para cobrança. Nelinho ajeitou para a cobrança, deu as costas para tomar distância, e então Joãozinho tomou a frente e bateu de direita, dois segundos até que a bola encontrasse o destino final, o gol. A partir daí foi só festa no gramado, até que os jogadores foram continuar a festa nos vestiários, onde o então técnico do Cruzeiro Zezé Moreira recebeu o herói do titulo falando que ele era moleque, irresponsável e que não devia ter feito isso. Zezé só foi contido Carmine. Por que jogava de terno?
O ‘bailarino da toca’, como era conhecido por causa dos seus dribles e velocidade, tinha um talento incomparável, além do carisma que o tornou um dos melhores jogadores da história. E também ficou marcado por gols importantes e por golaços memoráveis. 🚹 João Soares de Almeida Filho 👶 15 de fevereiro de 1954 (62 anos) 🏠 Brasileiro 👕 Cruzeiro, Internacional, Palmeiras, Atlético-PR, Coritiba e Seleção Brasileira 🏆 Campeonato Mineiro 73, 74, 75, 77 e 84, Copa Libertadores 76 (Cruzeiro); Campeonato Gaúcho 82 e 83 (Internacional) 👑 Bola de Prata da Revista Placar 79 Classômetro: 👔👔👔👔👔👔👔👔 (7,9)
