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Uma canhota, muitos quilates


Imaginem uma calçada da fama do futebol, igual àquela de Hollywood. Nessa calçada estariam os maiores classudos, aqueles que desfilaram com o fino da bola. Nela existiriam pés de todos os tipos, de todos os lados, de todas as classes. Mas um pé, um esquerdo especificamente, teria sua forma banhada a ouro. Por se tratar de um dos maiores gênios que desfilaram nos tapetes verdes do Brasil. Por se tratar de Gérson, o CANHOTINHA DE OURO. O apelido não é por acaso. Durante seu auge, era característica sua um passe primoroso e um chute certeiro sempre com o pé esquerdo. Antes de alcançar a alcunha e a fama, Gérson brilhou como a pedra que o identificaria, e com apenas um ano de profissional fora convocado à seleção canarinho, para as olimpíadas de Roma, em 60. Gérson desfilava no Flamengo, time que o lançou. E parece que o jogador gostava de ternos pesados: depois de passar por Flamengo, foi jogar no Botafogo. Depois, ainda vestiu o tricolor paulista para ainda, vestir a tricolor carioca. E por onde passou, Gérson virou ídolo. Ídolo que começou questionável. Gérson, apesar de precoce na seleção, nunca foi uma unanimidade no início. Sua primeira Copa foi a da pavorosa campanha de 66. Entrou em apenas um jogo, aquele que o Brasil perdeu pro gigante Eusébio e seu esquadrão lusitano. O meia ainda seria acusado de não ter o espírito da seleção e de ser covarde. Pesado pra alguém como Gérson. No Flamengo, sua passagem foi marcada pela vitoriosa campanha do Rio-São Paulo de 61. Com seis gols, Gérson foi das principais peças do time. Em 62, o rubro-negro era favorito à taça estadual, quando enfrentou o Botafogo na decisão. O Fla precisava de um empate e o técnico Flávio Costa escalou o Canhotinha para ajudar Jordan na marcação do principal jogador alvinegro. Bom, segundo Gérson, um tempo depois, “nem o time inteiro na lateral pararia aquele ponta esquerda botafoguense”. O ponta era um certo Manuel: Garrincha, que anotou os três tentos botafoguenses no maraca naquela final. Um ano depois, Gérson vestiria o mesmo terno do Mané e foi um dos principais nomes do time naquela nova era Botafoguense, com títulos da RJ-SP de 64 e 66, o bi carioca de 67 e 68 e a Taça Brasil de 68. Estes últimos títulos foram o suficiente para o Canhota elevar seu moral e voltar a Seleção para Copa de 70 e ser um dos astros daquele “esquadrão de ouro”. Contra a Tchecoslováquia, na estreia, os três últimos gols foram lançados por ele, dando a entender que qualquer ataque passaria por seus pés. Contudo, Gérson parecia fadado a uma triste sequência naquela copa: sofreu uma lesão e desfalcou o Brasil contra Inglaterra e Romênia. Porém, voltou contra o Peru, nas quartas e foi novamente fundamental. Foi o cérebro daquele time e um dos grandes responsáveis pelo tri. De volta ao Brasil, com a Jules Rimet na bagagem, o Canhota voltou suas atenções ao São Paulo, time que defendia desde 69. Junto a outros astros como Pablo Forlán, Roberto Dias, Toninho Guerreiro e Pedro Rocha, o Tricolor Paulista foi um dos principais times daquele início da década de 70, com um bi campeonato estadual (70-71) e uma campanha de respeito no primeiro Campeonato Brasileiro da história, até então, só parado pelo Atlético Mineiro, que seria o campeão. Em 72, Gérson, pensando na aposentadoria, escolheu jogar no Fluminense, seu time de coração. Diz a lenda que Gérson pendurou a chuteira quando o técnico tricolor Duque chamaria o meia num canto pra lhe ensinar uma maneira melhor de chutar na bola. Duque nunca fora um bom jogador antes de ser técnico e aquilo soou como uma heresia para o Canhota que preferiu a aposentadoria ao ensinamento do técnico.

Por que jogava de terno? Gérson dispensa apresentações, mas vamos lá: capaz de passes de 40 metros com olhos fechados, um chute absurdo com essa canhota fabulosa, uma visão de jogo incomum para sua época. Foi também temperamental e de certa forma ríspido em alguns lances: coleciona pelo menos três pernas quebradas de adversários. Mas Gérson foi um gigante. Gérson é um gigante e sua esquerda, banhada a ouro, seria uma das mais visitadas naquela calçada imaginada lá no início.

🚹 Gérson de Oliveira Nunes 👶 11 de janeiro de 1941 (75 anos) 🏠 Brasileiro 👕 Flamengo, Botafogo, São Paulo, Fluminense e Seleção Brasileira 🏆 (Principais) Campeonato Carioca: 63 (Flamengo), 67 e 68 (Botafogo), 73 (Fluminense), Campeonato Paulista: 70 e 71 (São Paulo), Campeonato Brasileiro: 68 (Botafogo), Copa do Mundo FIFA: 70 (Seleção Brasileira). 👑 Bola de Prata da Copa do Mundo da FIFA: 70, Eleito para o All-Star Team da Copa do Mundo da FIFA: 70, eleito um dos 100 Melhores Jogadores do Século XX pela revista World Soccer: 99, eleito o 38º Melhor Jogador do Século XX pela revista Placar: 99, eleito o 15º Melhor Jogador da história das Copas pela revista Placar: 06, eleito para o Time dos Sonhos do Botafogo e Fluminense pela revista Placar: 06 Classômetro: 👔👔👔👔👔👔👔👔 (8,3)

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