O Rei dos Cárpatos
Representar seleções da periferia europeia é uma tarefa difícil e ingrata. Muitos jogadores acabam sendo deixados de lado nas narrativas que contam as histórias das Copas por não defenderem seleções do primeiro escalão mundial. Um deles, com certeza, é Gheorghe Hagi, o maior e melhor jogador da história da Romênia. Hagi iniciou sua carreira no modesto Farul Constanta em 1982; depois transferiu-se para o outro modesto Sportul Studentesc, onde começou a fazer sucesso com sua habilidosíssima perna esquerda, que rapidamente o levou para a seleção. Em 1987, foi jogar no Steua Bucareste, clube romeno que acabava de faturar o título da Liga dos Campeões da Europa com uma vitória sobre o Barcelona na final. No Steua, Hagi começou a se consolidar como um dos melhores jogadores do mundo, ganhando vários títulos com grandiosas atuações. Gheorghe levou o clube romeno para mais uma final da Liga dos Campeões na temporada 88/89, mas sucumbiu em um impiedoso 4x0 do poderoso Milan de Marco Van Basten e Ruud Gullit. Hagi jogou sua primeira Copa do Mundo em 1990 e liderava o meio-campo talentoso da Romênia, uma promissora seleção. Em um jogo contra a Argentina ainda na primeira fase, Hagi se destacou por fortes disputas de bolas com Maradona e fez um belíssimo jogo. Sua habilidade era tanta que o rendeu o apelido de “Maradona dos Cárpatos”, uma referência ao craque argentino e à região onde a Romênia fica situada. Após a Copa, Hagi foi jogar no Real Madrid, mas sofreu muitas lesões e não teve uma grande sequência. Além disso, o clube espanhol estava em declínio e assistia o Dream Team do Barcelona de Cruyff dominar o futebol espanhol e europeu. Foi jogar no italiano Brescia, onde jogou até a Copa de 1994, que ficaria marcada para sua carreira. Aos 29 anos, Hagi era um líder nato e era destaque total da seleção romena para a Copa. A Romênia havia feito uma grande campanha nas eliminatórias europeias e não foi para os Estados Unidos ser coadjuvante. Após uma belíssima primeira fase com impecáveis atuações de Hagi, a seleção europeia tinha a Argentina de Simeone, Ortega, Redondo e Batistuta pela frente. E Hagi brilhou: 3x2 nos sul-americanos, com um gol e uma primorosa assistência. Hagi, naquele momento, não deixava dúvidas: era um jogador fora de série. Nas quartas de final, a decepção: derrota nos pênaltis para a Suécia. Há quem diga que o motivo é a Romênia não ter usado seu tradicional terno amarelo naquela partida. De qualquer forma, Hagi se consolidava como um dos maiores do mundo e fez parte do “All-Star Team da Copa.” Depois, foi jogar no Barcelona de Cruyff, mas também não obteve tanto sucesso. Cruyff cobrava muito que Hagi tivesse mais disciplina defensiva e marcasse. E Hagi não se adaptou. Em 96, foi jogar no Galatasaray, clube turco que começava a construir uma hegemonia no país. Na Turquia, Hagi tornou-se líder rapidamente e faturou nada menos que dez títulos. Dois deles foram as histórias conquistas da Copa da UEFA 99/00 em cima do Arsenal e da Supercopa Europeia com uma heróica vitória sobre o todo poderoso Real Madrid. O romeno permaneceu na Turquia até 2001, quando encerrou sua carreira sob os gritos de “I love you, Hagi” da torcida do Galatasaray. Por que jogava de terno? Hagi fazia o possível e o impossível com sua perna esquerda e é sempre lembrado em listas dos maiores jogadores do século XX. Destacava-se pelo seu enorme espírito de liderança e pela beleza de seu futebol. O romeno sempre desfilou elegância nos ternos que vestiu. 🚹 Gheorghe Hagi 👶 05 de fevereiro de 1965 (51 anos) 🏠 Romeno 👕 Farul Constanta (ROM), Sportul Studentesc (ROM), Steua Bucareste (ROM), Real Madrid (ESP), Brescia (ITA), Barcelona (ESPN), Galatasaray (TUR) e Seleção Romena 🏆 (principais) Campeonato Romeno 86/87, 87/88 e 88/89; Copa da Romênia 86/87, 88/89 (Steaua Bucareste); Campeonato turco 96/97, 97/98, 98/99, 99/00; Copa da Turquia 98/99, 99/00; Copa da UEFA 99/00 (Galatasaray) 👑 All-Star Team da Copa do Mundo de 1994; 25º melhor jogador do século XX (World Soccer); 46º melhor jogador da história das Copas (Placar); FIFA 100 04; Artilheiro dos Campeonatos Romenos de 85 e 86; Artilheiro da Liga dos Campeões da UEFA 87/88 Classômetro: 👔👔👔👔👔👔👔 (7,8)