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63 anos do Galinho de Quintino


O futebol tem uma grandiosa dívida com Celso Garcia, antigo radialista da Rádio Tupi. Foi ele que, em 1967, assistiu um jogo de futsal do Ríver Futebol Clube e observou um menino magricelo fazer 10 gols em único jogo. Ninguém menos que Arthur Antunes Coimbra, ou Zico, um dos maiores jogadores da história. Zico faz aniversário neste dia 03 de Março e foi para o Flamengo ainda com 14 anos de idade; só estreou com 18, em 1971, numa partida contra o Vasco em que o time rubro-negro venceu por 2x1, com gol do mito Fio Maravilha e a primeira de inúmeras assistências geniais do craque. Em 1974, assumiu a futuramente eternizada camisa 10 da Gávea e se firmou no time titular, depois de passar por uma intensa preparação física para superar seu corpo franzino, que juntamente à sua origem no bairro de Quintino, o rendeu o consagrado apelido de ‘Galinho de Quintino’. No primeiro ano como titular, já desfilava seu talento em campo e logo foi eleito o melhor jogador do Campeonato Brasileiro, mesmo com uma campanha apenas razoável do time-rubro negro. Até 1978, Zico viu a Máquina tricolor dominar o Rio de Janeiro e Roberto Dinamite brilhar pelo Vasco. Mesmo assim, apresentava um futebol tão qualificado que foi jogar sua primeira Copa do Mundo, na Argentina. A partir daí, não deu mais brechas para ninguém e fez com que o Flamengo dominasse o futebol carioca e brasileiro por quase 10 anos. Em 79, o Galinho foi o craque das conquistas do tricampeonato carioca e do importante troféu Ramón de Carranza, quando o Flamengo venceu o Barcelona de Neeskens por 2x1 com um gol seu, o 245º na carreira, que já o fazia superar Dida como maior artilheiro da história do clube da Gávea. Nesse ano, o Galinho marcou incríveis 81 gols em 70 jogos. A “era Zico” estava só começando. Em 1980, Zico liderou o Flamengo em seu primeiro título Brasileiro com 21 gols e uma partida memorável na final contra o Atlético-MG de Reinaldo. Na primeira participação do clube rubro-negro na Libertadores, mais uma artilharia e título, após dois gols e uma cobrança de falta inesquecível no terceiro jogo da final contra o Cobreloa. Em Dezembro de 1981, o Galinho se consagraria para sempre. O Flamengo colocou o campeão europeu Liverpool na roda de samba e fez 3x0 ainda no primeiro tempo, com duas assistências majestosas do Galinho, que fez o time rubro-negro atingir o topo do mundo. Durante a partida, o ex-goleiro do clube inglês, Bruce Grobeelar, pedia para o zagueiro e capitão Phil Thompson: “Joga o Zico para longe, Thompson; joga o Zico para longe, em nome de Deus!”. No ano seguinte, Zico liderou o Flamengo para mais um título brasileiro, mas esse ano, infelizmente, seria marcado pela maior injustiça da história do futebol: a decepção da Copa do Mundo de 82. Zico era a referência técnica da fantástica geração de Falcão, Sócrates, Toninho Cerezo, Éder, Júnior, Leandro e Luizinho. Mas Paolo Rossi acabaria por enterrar todas as esperanças brasileiras. Mesmo assim, Zico estava na seleção do Mundial. Em 83, mais um título brasileiro. Em apenas 4 anos, Zico comandou o Flamengo em 3 títulos brasileiros, 1 Libertadores e 1 Mundial, rendendo-o os calorosos gritos rubro-negros de “EI! EI! EI! O Zico é o nosso rei!”. A partida da final do Brasileiro de 83 – Flamengo 3 x 0 Santos – marcava a despedida do Galinho, que estava de malas prontas para a Itália. Zico foi para a Udinese com status de rei e logo brilhou na equipe, fazendo 19 gols no Campeonato Italiano, somente 1 a menos que o francês Michel Platini, que havia jogado seis jogos a mais. E no ataque, é sempre bom lembrar. Após a diretoria da Udinese não cumprir o acordo de montar um time competitivo, Zico voltou ao Flamengo em 1985, com algumas desconfianças físicas. Apesar do pouco tempo na Itália, o jogador marcou história no clube de Udine, que pode ser resumida pelo jornalista Luigi Maffei: “Para nós, Zico tem o mesmo significado de um motor Ferrari colocado dentro de um Fusca. Sentimos-nos os únicos no mundo a possuir um carro tão maravilhoso e absurdo.” A volta ao Flamengo marcaria o pior momento da carreira do craque: em um jogo contra o Bangu, Zico sofreu uma entrada absurdamente violenta de Márcio Nunes. Tão violenta que o rendeu torções nos dois joelhos, no perônio esquerdo e nos dois tornozelos. Fora a pior consequência: as três cirurgias no joelho esquerdo. Mas o Galinho focou: seu objetivo era jogar a Copa do Mundo de 86, sua última chance de conquistar um título com o Brasil. Uma partida memorável contra o Fluminense marcou o retorno do craque: 3 gols na estreia de Sócrates e uma vitória por 4x1. Ali, ele já mudava seu estilo de jogo por conta da contusão: a cadência substituía as arrancadas; saíam os dribles rumo ao gol, entravam os toques de primeira e os lançamentos de curta e longa distância ainda mais aprimorados. Assim, Zico confirmou sua ida ao México para jogar a Copa, ainda que com dúvidas físicas, que o fizeram ficar no banco. Nas quartas de final, em partida contra a França, Zico entrou no segundo tempo quando o jogo estava empatado por 1x1 e, em seu primeiro toque na bola, deu um lançamento genial para Branco que, na cara do goleiro, sofreu o pênalti. Telê Santana pediu para o Galinho bater. Zico cobrou mal e tornou-se uma espécie de ‘azarado’ para a seleção, mesmo sendo o terceiro maior artilheiro da história da canarinho, só ficando atrás de Pelé e Ronaldo. Sim, Zico fez mais gols pela seleção que Romário: 66 gols em 88 jogos. Números esplendorosos para um jogador de meio-campo. Em 1987, Zico liderou o Flamengo ao seu polêmico quarto título brasileiro, que seria o último título do Galinho com a camisa rubro-negra. Decidiu abandonar o futebol em 1989, após goleada por 5x0 sobre o Fluminense, com direito a mais um gol de falta. Já em 1991, Zico resolveu voltar a jogar futebol para um desafio: popularizar o esporte no Japão. E a missão foi mais que cumprida: o Galinho foi o responsável pela profissionalização do futebol no país, com a criação da J-League. Tornou-se o maior ídolo do Kashima Antlers e de todos os japoneses. O sucesso foi tanto que, mais tarde, em 2002, assumiu a seleção japonesa, ficando lá por quatro anos e fazendo novamente muito sucesso no país. Em terras asiáticas, é conhecido simplesmente como “Deus do futebol". Por que jogava de terno? Zico pode ser considerado o melhor batedor de faltas de todos os tempos, é o maior artilheiro da história do templo sagrado do futebol – o Maracanã – com 333 gols, é o meio-campista com mais gols na história do futebol (826 gols em 1180 jogos) e o recordista de conquistas das bolas de ouro e de prata da Revista Placar, além de ser uma das últimas referências para o chamado “amor à camisa”. No Brasil, só jogou pelo Flamengo. Credenciais não faltam para o Galinho de Quintino vestir ternos e mais ternos. 🚹 Arthur Antunes Coimbra 👶 03 de Março de 1953 (63 anos) 🏠 Brasileiro 👕 Flamengo, Udinese, Kashima Antlers 🏆 Troféu Ramón de Carranza 79, 80; Campeonato Brasileiro 80, 82, 83, 87; Copa Libertadores da América 81; Mundial de clubes 81 (Flamengo) 👑 Bola de Ouro (Placar) 74, 92; Bola de Prata (Placar) 74, 75, 77, 82, 87; Craque do Campeonato Brasileiro 80, 82 e 83; Melhor jogador do mundo (World Soccer) 83; All-Star Team da Copa do Mundo de 82; 14º maior jogador do século XX (IFFHS) 99; 3º maior jogador brasileiro do século XX (IFFHS) 99; 8º maior jogador do Mundo do século XX (FIFA) 00; 9º maior artilheiro de todos os tempos (IFFHS); Chuteira de bronze da Copa do Mundo de 82 (FIFA); Chuteira de ouro mundial 79; Artilheiro da Libertadores 81, dos Brasileiros de 80 e 82 e do Campeonato Japonês 92 Classômetro 👔👔👔👔👔👔👔👔👔 (9)

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